A Igreja Antiga
Módulo I do curso de História Universal da Igreja
Da era apostólica à conquista do Império: a Igreja nascente atravessa perseguições e martírios, consolida a doutrina com os Padres e vê a Cruz triunfar na história.

APRESENTAÇÃO DO CURSO
Este módulo percorre a Igreja nascente do Pentecostes à paz constantiniana. Situamos o anúncio apostólico no mundo romano e acompanhamos a rápida expansão da fé, com suas provações e seus frutos.
Entramos nas perseguições — de Nero a Diocleciano — e no testemunho dos mártires; vemos a defesa da fé pelos apologistas e a vida das primeiras comunidades: catecumenato, disciplina, caridade e a liturgia que começa a tomar forma.
Apresentamos os Padres Apostólicos e os grandes mestres dos primeiros séculos; examinamos as heresias que exigiram precisão doutrinária e os primeiros concílios, com o Credo e a Sagrada Escritura recebendo contornos definidos na Tradição.
Ao final, o aluno enxerga os alicerces da civilização cristã: personagens, textos e eventos essenciais da Igreja Antiga, lidos com fontes, contexto histórico e o olhar católico que guia todo o curso.
Bibligrafia do curso
A Igreja Antiga (33-381)
OBS: as obras assinaladas com * encontram-se em português. Dentre as obras de caráter geral, ou seja, aquelas cujo escopo abrange toda a história da Igreja, nenhuma em língua vernácula parece superar, ao menos em termo de multiplicidade dos assuntos abordados, a “Histoire Ecclesiastique”, do padre Fleury, e a “Histoire Universelle de l’Église Catholique”, do padre Rohrbacher. A primeira estende-se até o século XVI, a segunda, até o XIX. Ambas, seguindo o método historiográfico tradicional, abordam os temas em estrita ordem cronológica, não distribuindo os acontecimentos por assunto. Na obra de Fleury, a história da Igreja Antiga é examinada entre os tomos 1 e 4: o tomo 1 estende-se de Cristo ao ano 200; o tomo 2, do ano 200 ao 313; o 3o tomo, de 313 a 361; o 4o tomo, de 361 a 395. Na obra de Rohrbacher, a história da Igreja Antiga é narrada entre os tomos 4 a 7: o tomo 4, dedica-se ao período que vai desde o nascimento de Cristo ao ano 100; o tomo 5, de 100 a 283; o tomo 6, de 283 a 363; e o tomo 7, do ano 363 ao 430.
Recomendamos, igualmente a “Histoire generale de l’Église”, de Bérault-Bercastel, que estuda a história da Igreja Antiga no seus tomos I e II.
Também de caráter geral, a obra de Auguste Boulenger, “Histoire generale de l’Église”, volumes I (do ano 30 ao ano 100, sobre os tempos apostólicos), II (de 100 a 313, o tempo das perseguições), e III (de 313 a 476, a Igreja e o Estado Cristão). Também referencial é a obra do cardeal Hergenröther, “Histoire de L’Église”, redigida em alemão, mas disponível em francês e em italiano, tomos I (do ano 1 ao ano 312) e II (do ano 312 ao 814).
Sugere-se, ainda, volume 1 (partes I a IV) da “Historia de la Iglesia Catolica”, dos padres Villoslada, Llorca e Montalban (recomendamos a 2a edição) e o 1o volume da “História da Santa Igreja”,* do padre Alfredo Sáenz.
A “Histoire des concilies”, de Karl Joseph Hefele, é igualmente relevante. Apesar de debruçar-se especificamente sobre o decurso dos concílios ecumênicos e regionais, os situa, com rigor, no contexto em que ocorreram. Ademais, apresenta os documentos originais greco-latinos de cada concílio, com uma tradução vernácula. Para a história da Igreja Antiga, os tomos I (das origens a 344) e II (de 344 a 450), da obra de Hefele.
Continua sendo uma boa obra a “Igreja dos Apóstolos e dos Mártires”,* primeiro volume da coleção de Daniel-Rops, apesar de, em alguns momentos, o autor ceder a certo linguajar humanista e, por vezes, exagerar os prejuízos causados à Igreja por sua união ao Estado (claro preconceito liberal). Estas passagens devem ser lidas com cautela. O mesmo cuidado há que se ter com respeito ao “Manual de Historia de La Iglesia”, de Jedin, que se situa numa linha historiográfica bastante moderna e cujos tomos finais são bastante criticáveis. Trata-se, no entanto, de uma obra séria, sobretudo seu primeiro volume, que aborda a Igreja Antiga.
Acervo de valiosas informações a respeito dos primeiros séculos da Igreja são os dezesseis tomos das “Mémoires pour servir à l'histoire ecclésiastique des six premiers siècles”, de Tillemont.
Recomendamos entusiasticamente a “Formação da Cidade Cristã”,* de Rúben Calderón Bouchet, leitura essencial, e o “El Reino de Dios II, La Iglesia y el Orden Político”, do padre Álvaro Calderón. Os capítulos iniciais das duas obras dedicam-se à Igreja Antiga.
Dentre as fontes primárias gerais dos primeiros séculos da Igreja, a obra referencial será sempre a “História Eclesiástica”,* de Eusébio de Cesareia, escrita em dez livros que compreendem desde Jesus Cristo até o ano 323. O mesmo Eusébio escreveu “A Vida de Constantino”, importante fonte para a história da Igreja no tempo do primeiro imperador cristão. A “História Eclesiástica” de Eusébio foi continuada por Rufino de Aquileia, que a estendeu até o ano 395. A respeito dos acontecimentos do século IV, são essenciais as “Histórias Eclesiásticas” de Sozomeno (até 425), Sócrates (até 439) e Teodoreto (até 428). As três já foram vertidas para o inglês e para o francês.
Também o “De Viris Illustribus”, de São Jerônimo, com 135 biografias dos principais personagens da história católica entre os séculos I e IV.
Ademais, o “Da morte dos perseguidores”, de Lactâncio.
Para a compreensão do Império Romano, mundo no qual a Igreja nasceu, “A Vida dos Doze Césares”,* de Suetônio; as “Histórias”,* de Tácito, e a “Eneida”,* de Virgílio. Também “A civilização romana”,* “O Império Romano”,* “Le Siècle d’Auguste”, todos de Pierre Grimal; “Pax romana. Ensayo para uma interpretación del poder político en Roma”, de Rúben Calderón Bouchet; “Roma, a história de um Império”,* de Greg Woolf. Recomenda-se, ademais, o interessante estudo publicado como “Europa, a via romana”,* de Remy Brague; e “O fim do mundo antigo e o princípio da Idade Média”,* de Ferdinand Lot.
Para o estudo da Romanidade, tanto em si mesma, quanto em sua relação com a Igreja nascente, “Cristianismo e Cultura Clássica”,* de Thomas Noris Cochrane; “Le Christianisme et l'Empire romain de Néron à Théodose”, de Paul Allard; e “La fin du paganisme”, de Gaston Boissier.
Sobre os tempos mais remotos da Igreja, recomenda-se as obras dos “Padres Apostólicos”: a “Carta aos coríntios”,* do Papa São Clemente; as sete “Cartas”,* de Santo Inácio de Antioquia; a “Carta aos Filipenses”,* de São Policarpo, assim como a “Didaquê”,* a “Carta do Pseudo-Barnabé”* e o “Pastor de Hermas”.*
Sobre os mártires dos primeiros séculos, duas coleções de atas dos martírios: a “Acta Martyrum”, organizada por Ruinart e as “Actas de los mártires”, organizada por Daniel Ruiz Bueno. Recomendamos, ainda, “Martyrs de Lyon”, de Joël Schmidt.
Sobre as perseguições, a vasta obra de Paul Allard continua insuperada, nomeadamente o “Dix leçons sur le martyre”, que apresenta um panorama geral. Para o exame de cada época, as obras o mesmo autor: “Histoire des persécutions pendant les deux premiers siècles” (sobre as perseguições desde Nero a Cômodo); “Les persécutions pendant la première moitié du troisième siècle” (desde Sétimo Severo até Décio); “Histoire des persécutions pendant la seconde moitié du terceiro siècle” (desde Valeriano até Diocleciano); “La persécution de Dioclétien et le triomphe de l'Église” (sobre a perseguição de Diocleciano e a Igreja sob Constantino) e, por fim, “Les dernières persécutions du quatrième siècle” (que estende-se até Juliano, o Apóstata).
A literatura apologética dos séculos II e III fornece um acervo inestimável de informações sobre a Igreja naquele período, sobretudo de sua relação com a sociedade romana e com seus perseguidores. Dentre as apologias, recomenda-se estudar, principalmente, o “Diálogo com Trifão” e as duas “Apologias”,* de São Justino; o “Apologético”* e “Aos gentios”,* de Tertuliano; e o “Contra Celso”,* de Orígenes. Recomenda-se, ainda, a pequena, mas preciosa “Carta a Diogneto”;* o “Discurso aos Gregos”,* de Taciano; a “Súplica pelos cristãos”,* de Atanágoras; a “Sátira dos filósofos gregos”, de Hérmias; e “Apologia”,* de Santo Aristides.
Para a Igreja em meados do século III, a vasta obra de São Cipriano, mormente suas “Cartas”,* e seu “A Unidade da Igreja Católica”.* É de grande relevância, igualmente, a “Tradição Apostólica”,* obra reconstituída de Santo Hipólito.
Sobre o papado nos primeiros séculos, além do “Liber Pontificalis”, também o primeiro volume da “Histoire de la Papauté”, de Henrion; o volume I da “História dos papas”,* de Castiglione e Saba; “O Papado na Igreja Primitiva”,* de Adrian Fortescue; e “Los papas”, de Antonino Lopes.
Quanto à obra “Santos e Pecadores”,* livro disponível em português sobre a história dos papas do irlandês Eamon Duffy, cumpre salientar que cede flagrantemente à mais reprovável crítica histórica de caráter protestante ao examinar as origens do papado, e ao evolucionismo mais nitidamente modernista ao avaliar os séculos XIX e XX. O restante da obra, excluído certo preconceito liberal aqui e acolá, é aproveitável. O mesmo diga-se do “Dicionário Enciclopédico dos Papas”,* de Battista Mondin.
De Patrologia, a literatura é vastíssima. A obra de Quasten e do Institutum Angelicum Augustinianum, já foi publicada no Brasil como “Patrologia”,* em seis volumes, quatro dos quais dizem respeito à Igreja Antiga: o volume 1 (do Credo Apostólico a Santo Irineu); o volume 2 (entre Santo Irineu e o Concílio de Niceia); o volume 3 (a era de ouro da Patrística grega); e o volume 4 (a era de ouro da Patrística latina).
Também sobre Patrologia, o “Curso de Patrologia”,* do padre João Batista Insuelas; a “Patrologia”,* de Altaner e Stuiber; o tomo I da “Patrologie et Histoire de La Théologie”, de Cayré; “História da Filosofia Patrística”, de Claudio Moreschini e “História da Literatura Cristã Antiga Grega e Latina”,* do mesmo Moreschini e de Norelli; “The greek fathers”, de Fortescue. Recomenda-se, ademais, o volume I da “História da Filosofia”,* de Dario Antiseri e de Giovanni Reale, o volume I da “Uma História da Filosofia”,* do padre Copleston; e o volume I da “História da Filosofia”,* do padre Thonnard.
Sobre a educação nos primeiros séculos da Igreja, as três principais obras de Clemente de Alexandria: “Protrepticus”,* “Paedagogus”,* e “Stromata”. Especificamente sobre a pedagogia de Orígenes, o “Agradecimento a Orígenes”, de São Gregório Taumaturgo. É de grande utilidade, ainda, a “Carta aos jovens sobre a utilidade da literatura pagã”,* de São Basílio Magno”.
Também sobre a educação católica nos primórdios, a “História da educação na Antiguidade”,* de Henri Marrou; “Influence des Pères de l'Église sur l'éducation publique pendant les cinq primeiros séculos de l'ère chrétienne”, de Jean P.A. Lalanne; a “História da educação na Antiguidade Cristã”,* de Ruy Afonso da Costa Nunes; e “Clemente de Alexandría”, de Gustave Bardy.
Sobre as heresias nos primeiros séculos, “Contra as heresias”,* de Santo Irineu de Lyon; a “Philosophumena”, ou “Refutação de todas as heresias”, de Santo Hipólito; o “Dictionnaire des hérésies, des erreurs et des schismes”, de J. J. Claris; os capítulos iniciais de “História das heresias e suas refutações”,* de Santo Afonso de Ligório; “As grandes heresias”,* de Hillaire Belloc.
Especificamente sobre acontecimentos do século IV, sobretudo a crise ariana, recomenda-se, as supracitadas obras de Eusébio, Teodoreto, Sócrates e Sozomeno, mas principalmente as obras históricas e apologéticas de Santo Atanásio: a “História dos arianos”, a “Apologia contra os arianos”, o “Sobre os Sínodos de Rimini e Selêucia”, a “Apologia de sua fuga”,* a “Apologia ao imperador Constâncio”,* e seu vasto epistolário. Ademais, o “Contra Constâncio”, de Santo Hilário de Poitiers, e a “Autobiografia”,* de São Gregório Nazianzeno.
Ainda sobre a crise ariana, o nosso “Santo Atanásio e a Crise Ariana”;* a conhecida obra do cardeal Newman, “Arians of the Fourth Century”; e também o “La vie de S. Athanase, archevesque d’Alexandrie”, de Godefroy Hermant; o grande estudo “Saint Athanase. Étude Littéraire”, de Eugène Fialon; a pequena biografia “Saint Athanase”, de Bardy; e “Vie de Saint Athanase”, de Paul Barbier.
Ainda, “L’Église dans l'Empire romain (IVe-Ve siècle)”, de Jean Gaudemet; “L’eglise de l’antiquite tardive (303-604)” de Henri-Irénée Marrou, e o também referencial “La Paix Constantinienne et le Catholicisme”, de Pierre Battifol, apesar da suspeita de heterodoxia do autor.
Sobre a arte cristã nas origens, o volume 1 da “Histoire de l’Art”, coordenada por Emile Mâle; “Les plus anciennes basiliques chrètiennes”, também de Mâle; e a vasta obra de Louis Brehiér: “L'art chrétien, son développement iconographique des origines à nos jours”; “Les basiliques Chrétiennes”; e seu “Les églises romanes”.
Sobre São Justino Mártir, “Justin. Sa Vie et sa Doctrine”, do padre Bery, e “Saint Justin”, de Barth Aubé.
Sobre Santo Hilário de Poitiers, “Saint Hilaire”, de R. P. Largent.
Sobre São Martinho de Tours, a “Vida de Martinho”, de São Sulpício Severo; e“Celui par qui la Gaule devint chrétienne”, de Régine Pernoud.
Sobre São Basílio Magno, “Saint Basile”, de V. Lecoffre.
Sobre Juliano, o Apóstata, a obra em dois volumes de Allard, “Julien l’apostat”.
Sobre o Sacramento da Penitência, “La Pénitence publique dans l'Église primitive” e “La Confession sacramentelle dans l'église primitive”, ambas do padre Elphège Vacandard.
Sobre a escravidão no começo da Igreja, “Les Esclaves chrétiens depuis les premiers temps de L’Église”, também de Allard; e “A Igreja Católica e a escravidão”,* do padre James Balmes.
Para os primeiros tempos da vida monástica, a “Vida e conduta de Santo Antão”,* escrita por Santo Atanásio”; a “Vida de São Pacômio”,* de autor desconhecido do século IV; “L’ordre monastique des origines au Xiième siècle”, de U. Berlière; e o tomo I do “Les Moines en Occidente”, de Ivan Gobry. Também os primeiros capítulos de “Grandes mestres da vida espiritual”,* do padre Royo-Marín.










































